quarta-feira, 2 de julho de 2008

Informação, conhecimento e HIV

Fala-se muito na importância da informação para a prevenção à contaminação por HIV. No entanto, em uma realidade como a atual, em que o Brasil dispõe de canais de informação sobre HIV/Aids, proponho um questionamento: a questão da informação é tão importante assim ou, mais do que informação, devemos prezar comunicacionalmente o papel do conhecimento?

Para tornar mais clara essa distinção, cito aqui Valdemar Setzer, da Universidade de São Paulo (USP), em artigo publicado na DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação: "Em nossa caracterização, os dados que representam uma informação podem ser armazenados em um computador, mas a informação não pode ser processada quanto a seu significado, pois depende de quem a recebe. O conhecimento, contudo, não pode nem ser inserido em um computador por meio de uma representação, pois senão foi reduzido a uma informação. (...) Associamos informação à semântica. Conhecimento está associado com pragmática, isto é, relaciona-se com alguma coisa existente no "mundo real" do qual temos uma experiência direta".

Um bom exemplo da necessidade de se assimilar e pôr em prática a informação é o resultado das pesquisas do Ministério da Saúde com jovens de 15 a 24 anos: apesar de a maioria deles (95%) citarem o preservativo como forma de prevenção, o uso regular foi citado por apenas 40%. Existe a informação de que é necessário o uso da camisinha na prática sexual para se evitar a contaminação por HIV, mas, ainda assim, o mesmo grupo que tivera contato com essa informação não a transformou em uma prática individual.

Nossa idéia, quando criamos o projeto HIV Brasil, foi de trazer informação por meio de um dossiê - que está programado para lançamento em agosto deste ano. O Dossiê HIV Brasil está sendo preparado enquanto cuidamos deste blog, que é justamente um espaço criado para interagir, para tentar entender de que maneira a informação sobre HIV/Aids no Brasil se transforma em conhecimento na vida de cada um, de que forma você, leitor deste projeto, pode ser um ator ainda mais representativo nesta construção.

O processo de comunicação é mais do que o simples canal "emissor -> receptor". Acreditamos na comunicação como troca, assimilação, interação entre diferentes atores e, por isso, criamos um veículo que oferece mais interatividade do que os moldes mais tradicionais de website. É por isso que você, leitor, tem acesso ao espaço de comentários, tem espaço para votar na enquete, tem informações como o endereço de e-mail do HIV Brasil, o perfil do HIV Brasil no Youtube e, ainda, links que podem trazer ainda mais informação - e que você pode transformar em prática diária.

A comunidade internacional ligada às questões do HIV/Aids é muito engajada, o que se vê no Brasil por inúmeras conquistas para a comunidade envolvida com o HIV e por iniciativas reconhecidas internacionalmente como a Agência de Notícias da Aids. Percebemos, no andamento do projeto HIV Brasil, que essa comunidade também vê a interação como um ponto importante. Um bom exemplo é a troca constante que, por iniciativa própria, o canal de Youtube hivquestions tem feito conosco. A maioria do material é em inglês, mas segue uma campanha do hivquestions com um vídeo de conceito bastante simples (e de tradução fácil até em sites de busca, no caso de você não compreender alguma palavra), "Remove Aids":



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